sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Novos campos de gás já em estudo no MA

Além de Santo Antônio dos Lopes, na semana passada, o grupo OGX recebeu a licença de operação para a realização de pesquisas sísmicas nas cidades de Alto Alegre do Maranhão, Altamira do Maranhão, Bacabal, Bom Lugar, Coroatá, Paulo Ramos, Vitorino Freire e Santa Luzia.

A partir das próximas semanas, serão iniciados os estudos sísmicos visando encontrar novos indícios de gás natural, mas na cidade de Santo Antônio dos Lopes, localizada a 280 km de São Luís.

Os estudos ocorrerão no povoado Pau Ferrado, a 3 km da sede de Santo Antônio dos Lopes. Os equipamentos e a logística serão “importados” de Capinzal do Norte. Na prática, os equipamentos que hoje estão em Capinzal serão deslocados para Santo Antônio dos Lopes. O terreno onde provavelmente será realizada a pesquisa sísmica é de uma família de lavradores. A empresa OGX já recebeu a Licença Prévia para a realização das atividades de prospecção na área. Estimativas extraoficiais dão conta de que nos próximos 10 ou 15 dias serão iniciados os trabalhos na região.
O prefeito de Santo Antônio dos Lopes, Aurélio Mendonça (PSDB), afirmou que o grupo OGX está há aproximadamente um ano sondando o município para a realização de pesquisas de viabilidade comercial de extração de gás. Dois poços devem ser furados. Além do povoado de Pau Ferrado, o outro ficaria nas proximidades da construção da termelétrica, no povoado Demanda. “Por conta disso, há uma expectativa muito grande aqui na cidade. O único poder aquisitivo que tem, na verdade, é a Prefeitura. Não existe emprego diretamente”, declarou Mendonça.

Ao todo, a OGX esperava, inicialmente, perfurar apenas cinco poços para a exploração comercial na região. Mas com a descoberta em Capinzal do Norte, Eike Batista já fala em perfurar 10 poços. Além de Santo Antônio dos Lopes, na semana passada, o grupo OGX recebeu a licença de operação para a realização de pesquisas sísmicas nas cidades de Alto Alegre do Maranhão, Altamira do Maranhão, Bacabal, Bom Lugar, Coroatá, Paulo Ramos, Vitorino Freire e Santa Luzia. Nestes casos, as sondas de pesquisa devem vir de outras cidades nordestinas onde o grupo OGX já realiza atividades de levantamento de viabilidade de exploração comercial de petróleo.

Termelétrica - Além da possibilidade de ter um campo de exploração, a cidade de Santo Antônio dos Lopes vive a expectativa de receber uma usina termelétrica, com capacidade inicial para gerar 1,8 mil MW de energia, a gás, provavelmente da extração da cidade de Capinzal do Norte. Essa termelétrica, pela dimensão da descoberta em Capinzal do Norte, pode ter capacidade de gerar até 3,9 mil MW.

O terreno onde deverá ser construída a termelétrica fica no povoado de Demanda, a cerca de 10 km da cidade de Santo Antônio dos Lopes. O povoado é habitado por 45 famílias de lavradores que dependem da agricultura familiar e da roça para sobreviver. Homens esses que vêem na termelétrica uma chance para sair da pobreza e ter uma vida melhor.

São homens como o lavrador Dário Mota Sampaio, casado, cuja esposa está grávida de seis meses. Dário era analista de laboratório na cidade de Balsas, quando a mãe, moradora de Santo Antônio dos Lopes, teve câncer e está em tratamento. Ele largou emprego, um salário de R$ 600, para morar com a mãe e ganhar algo com agricultura familiar. Hoje depende de atividades informais de trabalho para sobreviver com a família. “Eu sou muito ligado a minha mãe, por isso larguei tudo”, disse. “Minha esperança é essa termelétrica. Esperança para mim e para que eu possa dar um futuro melhor para a minha família.

Do lado da Prefeitura, a expectativa é que a termelétrica possa gerar, além de emprego e renda, uma melhoria no nível de arrecadação da cidade. Assim como Capinzal do Norte, Santo Antônio dos Lopes depende de recursos federais para sobreviver. Em transferências federais, a cidade arrecadou em sete meses algo em torno de R$ 5,8 milhões. Impostos municipais como ISS e IPTU geram uma arrecadação um tanto quanto irrisória. Algo em torno de R$ 5 mil ao mês. Com a termelétrica, eles esperam arrecadar pelo menos 100 vezes mais. Até 500 mil ao mês. “Com esse dinheiro, tenho condições de fazer escolas e hospitais sem depender de convênios com a empresa”, disse, otimista, o prefeito Aurélio Mendonça.

Novo campo está em área onde ocorriam festejos

Terreno próximo a uma igreja pertence há 80 anos a família de agricultores

Coincidência ou ação divina,  local onde provavelmente será realizado os próximos estudos de viabilidade de extração de gás comercial fica no local onde já foi realizado, durante 62 anos, o festejo de São Francisco das Chagas, no povoado Pau Ferrado, em Santo Antônio dos Lopes.

O terreno onde provavelmente ocorrerá os próximos estudos sísmicos é de uma família de lavradores. Eles conversaram com O Estado, mas pediram para não serem fotografados. “Ainda não está totalmente certo se (a pesquisa) será nesse terreno”, afirma um dos integrantes da família. “Falar eu até falo, mas sem foto”, diz o lavrador Evaldo Silva, de 43 anos, filho da proprietária do terreno, dona Maria do Socorro Rocha da Silva.

O fato é que essa área foi comprada por essa família há aproximadamente 80 anos. O patriarca, José Maria da Silva, hoje falecido, disse aos filhos que por hipótese nenhuma esse terreno deveria ser vendido. A matriarca, ainda viva, corrobora com essa tese. Os filhos, seis ao todo (cinco mulheres e um homem) também não pretendem vender a área. “Eu até concordo com o estudo, mas ainda bem que eles não falaram em comprar o terreno. Eu não deixaria”, disse Evaldo Silva.

Ele ainda assinalou. “Meu pai era um visionário e imaginava que poderia ter algo especial naquela terra. Ele somente não pensava que poderia ser gás. Mas ele sempre nos falou que aquela terra tinha um valor maior que as outras. Gostaria muito que ele tivesse vivo. Acho que ele seria o primeiro a incentivar as pesquisas em nossas terras”, declarou Silva.

Hoje, o local ainda tem uma igreja católica onde era realizado o festejo. Um festejo que foi criado pela matriarca da família e que foi uma característica dos Rocha Silva durante muitos anos. “Minha mãe organizava o festejo com muito carinho. Era muito interessante aquela época”, finalizou Silva.



Nenhum comentário:

Postar um comentário